segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Livro do Desassossego, de Bernardo Soares



“A vida é para nós o que concebemos nela. Para o rústico cujo campo próprio lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.
Isto não vem a propósito de nada.
Tenho sonhado muito. Estou cansado de ter sonhado, porém não cansado de sonhar. De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos. Em sonhos consegui tudo. Também tenho despertado, mas que importa? Quantos Césares fui! E os gloriosos, que mesquinhos! César, salvo da morte pela generosidade de um pirata, manda crucificar esse pirata logo que, procurando-o bem, o consegue prender. Napoleão, fazendo seu testamento em Santa Helena, deixa um legado a um facínora que tentara assinar a Wellington. Ó grandezas iguais à da alma da vizinha vesga! Ó grandes homens da cozinheira de outro mundo! Quantos Césares fui, e sonho todavia ser.
Quantos Césares fui, mas não dos reais. Fui verdadeiramente imperial enquanto sonhei, e por isso nunca fui nada. Os meus exércitos foram derrotados, mas a derrota foi fofa, e ninguém morreu. Não perdi bandeiras. Não sonhei até ao ponto do exército, onde elas aparecessem ao meu olhar em cujo sonho há esquina. Quantos Césares fui, aqui mesmo, na Rua dos Douradores. E os Césares que fui vivem ainda na minha imaginação; mas os Césares que foram estão mortos, e a Rua dos Douradores, isto é, a Realidade, não os pode conhecer.
Atiro com a caixa de fósforos, que está vazia, para o abismo que a rua é para além do parapeito da minha janela alta sem sacada. Ergo-me na cadeira e escuto. Nitidamente, como se significasse qualquer coisa, a caixa de fósforos vazia soa na rua que se me declara deserta. Não há mais som nenhum, salvo os da cidade inteira. Sim, os da cidade dum domingo inteiro – tantos, sem se entenderem, e todos certos.
Quão pouco, no mundo real, forma o suporte das melhores meditações. O ter chegado tarde para almoçar, o terem-se acabado os fósforos, o ter eu atirado, individualmente, a caixa para a rua, mal disposto por ter comido fora de horas, ser domingo a promessa aérea de um poente mau, o não ser ninguém no mundo, e toda a metafísica.
Mas quantos Césares fui!”
(27/06/1930; em “Livro do Desassossego”)


O poeta Fernando Pessoa tinha uma atração peculiar por Bernardo Soares. Para início de conversa, ele o classificava de semi-heterônimo porque: “não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela”. Ou ainda: “Sou eu menos o raciocínio e a afetividade.” É importante destacar que foi por meio de Bernardo Soares, autor de “O Livro do Desassossego”, espécie de diário em prosa poética escrito a partir de 1914 que o poeta Fernando Pessoa mais sinceramente falou de si mesmo.



Para saber mais sobre Fernando Pessoa e seus heterônimos, leia a entrevista com Fernando Segolin, professor de Pós-Graduação de Literatura e Crítica Literária da PUC-SP e “pessoano” por excelência.

Teste: Que poema de Fernando Pessoa é você?
Fonte: www.educarparacrescer.com.br/teen
Texto:  Marion Frank

terça-feira, 24 de maio de 2011

A "Moda" em mim!

  É mais uma questão de sentimento.
  Desde pequena tive o gosto pela linha entre a agulha da máquina de minha mãe. Eu queria aprender a costurar a qualquer custo. Disso creio que sei um pouco.
  Anos depois passei a desenhar, mas para dizer a verdade comecei a ser copista. E para acelerar minhas paixões por roupas, minha mãe como sempre inovando seus passos, tinha um brechó, que era muito engraçado, as pessoas iam mais para doar as roupas usadas e assim ficavam batendo papo, sempre no fim da tarde. Era delicioso demais.
  Criada neste mundo interessante, comecei a trabalhar e assim me interessando mais, foi quando comecei a trabalhar em um brechó de uma professora que hoje é uma grande amiga. Foi lá que aprendi a desenvolver meus conhecimentos que adquiria conforme o meu desempenho profissional. Nomes e tipos de tecidos, estilistas, revistas e livros de moda e assim por diante.
  Com o passar do tempo, conclui um curso técnico de moda, no qual fiz vários “freelancer” em desfiles de moda, conheci pessoas famosas e importantes deste meio, e descobri que moda é a minha paixão.
  Hoje me encontro em outro universo, que estou aprendendo muito, e pretendo seguir carreira. Mas como a arte une os dois, um dia creio que irei transformar ambas as paixões em um só “corpo”.


“Quero para mim e para todos os meus amados, a graça do “Espírito Santo”, guiando e iluminando nossos passos, para transformar tais palavras de alegria e conforto em sonhos realizados”. Amém.

Um lugar especial! " Se ao lado da biblioteca houver um jardim, nada faltará." Cícero

 Ilustração: André Neves

  Bibliotecas são lugares incríveis, em que o conhecimento mora e divide espaço com um monte de gente interessante, curiosa e com vontade de aprender cada dia mais. As bibliotecas existem há muito tempo, desde quando os livros eram apenas rolinos de pergaminho. E elas foram criadas para guardar o conhecimento da humanidade - e para divulgá-lo para a gente, é claro!
  Quando nos tornamos leitores de verdade (pessoas que são apaixonadas por livros e histórias), as bibliotecas se tornam um ótimo lugar para conhecer novidades, mergulhar em mundos e, melhor, sem pagar nada por isso!
  Nem sempre podemos ter todos os livros que queremos, então, para divulgar a cultura e histórias bacanas, podemos recorrer a esse serviço para lá de essencial. Funciona assim: chegamos à biblioteca e procuramos um autor ou título que nos interessa (às vezes, pode ser apenas um assunto do qual queremos conhecer um pouquinho mais). Aí, vemos as fichas ou arquivo computadorizado e encotramos um número. Esse número é como se fosse o endereço do livro naquela multidão de prateleiras.
  Lá, podemos folhear os livros que nos interessam, ler pedacinhos, fazer pesquisas e até passar um tempo muito agradável só xeretando as estantes para ver o que as pessoas já escreveram. E, quando ficamos em dúvida ou não sabemos bem o que queremos, sempre podemos contar com o serviço de um profissional muito importante: o bibliotecário.
  O bibliotecário é a pessoa que cuida da biblioteca e também que lê os livros e cataloga-os. Você sabe o que é catalogar? É como se ele fizesse uma fichinha descrevendo o livro, para que a obra fique perto de outras da sua família. Essa descrição e catalogação seguem um modelo, então a gente sabe que, quando formos a uma biblioteca, os livros que se parecem ou que tenham muito em comum vão ficar bem pertinho uns dos outros.
  Em muitas bibliotecas, em especial nas públicas, acontecem eventos culturais também. São contadores de histórias, visitas de autores, exposições de quadros e livros e até shows de música.  Tudo para deixar o ambiente ainda mais acolhedor e mais colorido para a gente querer passar muito tempo lá.
  Ah, uma coisa importante sobre bibliotecas é que elas também são democráticas! Muitas pessoas podem ler e não só os mesmos livros, mas também podem ler uma variedade enorme de títulos. É claro que a gente quer ter a nossa própria biblioteca, com os livros mais bonitos e mais interessantes. E é justamente visitando a biblioteca do nosso bairro ou cidade que "treinamos" nosso gosto para a leitura, desenvolvendo gostos e estilos bem pessoais, para depois comprarmos o livro certo, aquele que vai passar a vida com a gente e crescer junto (e talvez, até ficar para os filhos dos nossos filhos, como os livros dos nossos avós que ainda vivem com a gente).
  Quando a gente empresta um livro que já foi lido por mais pessoas , podemos pensar um monte de coisas. Quem será que já leu este livro? Será que a pessoa gostou? Será que ela leu numa casa de brinquedos e outros livros ou será que ele ficou numa mochila, passeando pela cidade toda? Anotaram alguma coisa no cantinho? Esqueceram um bilhetinho de amor dentro dele? Quando fazemos todas essas perguntas, as histórias dos livros se multiplicam. São aquelas que os escritores nos contaram, mas são também as histórias daquele livro como objeto, uma coisa que a gente manipula e leva de um lugar para o outro.
  Quando a gente começa a frequentar bibliotecas e a fazer daquele lugar a nossa segunda casa, um novo mundo se abre. Fazemos amigos (livros e pessoas), ouvimos histórias, entendemos que o silêncio não tem de ser chato sempre. É só o tempo que dedicamos a ver a poesia da vida acotecendo, como aquele senhorzinho que todo dia senta em uma poltrona e lê (ou relê!) uma história. Como aquele grupo de crianças que se juntou para se ajudar para uma prova difícil ou aquela bibliotecária com ar sério que, na verdade, é um doce. E muito engraçada!
  Aprender a visitar bibliotecas e ganhar um presente todo dia. É conhecer histórias da vida real ou inventadas. E quem não gosta de ganhar presentes?

Obra: Eu amo biliotecas
Texto: Iris Borges
Editora: Callis

terça-feira, 10 de maio de 2011

A música em mim!



Não existem fronteiras entre a arte e o espanto.
Fontes se equilibram sobre as notas e a clave de sol.
O rap faz as rimas e o clássico o completa.
Viagem pela letra, imaginação bem feita e direta.

Quero, quero posso.
Me pergunto e avanço.
Escuto o som dos violinos e me admiro.
Sei que a música é também o canto.

O canto não precisa ser perfeito.
Se ele for bem feito.
O mais perfeito e afinado.
Com o soprano vem o contralto.

O som do grave, mas a voz fina.
Em frente do palco, eu com sorriso de menina.
A canção chega ao fim com o som de estrelado.
O público se levanta e as palmas chegam ao alto.

Poema por: Talita Apds
Inspiração: "Orquestra Sinfônica de Heliópolis e Rappin Hood"!
" Entre a música não existe fronteira"